Distância que acostuma.
Distância de pessoas que costumava amar.
De lugares que costumava conhecer.
De abraços que costumava morar.
Sinto falta de tanta coisa, de sons e perfumes, curvas de sorrisos que costumavam nascer.
Nomes que costumava pronunciar.
Frases completas voando sob minha cabeça agora.
Fui arrancada de tudo que já chamei de lar.
Não tenho mais coragem de me enraizar.
Dói, a distancia de tudo.
Dói, como um rasgo no pulso.
Ninguém sente como eu,
"Exageradamente",
Mas eu juro que não é de proposito.
Está tão frio e escuro por aqui, tudo está revirado.
Graças aos furacões que passaram por aqui, e eu inocente, não tive estrutura pra aguentar.
Tá tudo úmido por aqui e é difícil de limpar, porque não para de chover.
Tô me afogando aqui, e a saída está entupida de palavras que eu não pude dizer.
De "eu te amos" que não posso mais dizer.
De nós¹ e nós², de mim e outrem.
Sou só uma garota assustada e cansada de creditar no melhor das pessoas.
Cansada de lutar pra respirar.
Tão inundada de sentimentos e memórias, que quero desesperadamente me apegar.
Mas elas me puxam pra baixo.
Se eu sou forte?
Já nem sei responder à isso.
Mas eu costumava ser, e costumava ser feliz tbm.
Mas eu já deixei de ser muita coisa.
Eu deveria ser forte, como Ela³ me criou para ser.
Sinto falta dEla, me aconselhando.
Saudade da voz dEla doce e rouca, me ajudando a encarar o mundo.
Ela é minha mulher-maravilha.
Ela diria pra botar fogo na minha biografia até agora e reescrever minha história.
Investir em mim.
Glossário
Nós¹: Nó, entrelaçamento de um ou dois fios, linhas, cordões etc., cujas extremidades passam uma pela outra, apertando-se.
Nós²: pronominal pessoal da primeira pessoa do plural, indicando eu mais outra ou outras pessoas; funciona como sujeito
Ela³: Vovó Dirce
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