28 de maio de 2022

A porta

Eu vou sair por aquela porta
Que eu desenhei pra minha fuga daqui
Eu vou atravessa-la e nada será como antes


Por que quando aquela fechadura se fechar atras de mim
Nada lá dentro vai me importar

Uma porta de madeira folhada a cor de acácias
Trincos prateados, mas nao espelhados
Tudo que eu deixei lá não vai me seguir

Cada gaveta repleta de coisas minhas,
e lembranças de todos os anos que passaram.

Eu tenho que andar pelo vale e pelas colinas sozinha

Eu entendi desde cedo que eu o que quer que eu faça terei que fazer sem companhia

Cada tijolo da minha nova casa vai ser colocado pelas minhas próprias mãos

Pintarei da cor que for mais próxima de quem sou hoje

Todos os móveis não podem ser mais os mesmos

Os rodapés estarão sem nenhum vestígio das presenças do passado

As luzes iluminaram novas ideias e fotografias da jornada a partir de agora

A poltrona onde repouso meus ossos terá cor das folhas do eucalipto

Nas prateleiras não estarão triunfos antigos,
somente livros que fazem minha mente hoje

Serei a mulher que corre como os lobos.